ESG em crise ou em evolução?
Nos últimos anos, o ESG se tornou um tema central no mundo corporativo, atraindo atenção de investidores, reguladores e consumidores. Mas, ao mesmo tempo, enfrentou críticas, ataques políticos e até recuos de grandes empresas em compromissos ambientais, sociais e de governança.
Para alguns, isso poderia sinalizar uma crise. Mas, para John Elkington, criador do conceito Triple Bottom Line em 1994 e considerado o “pai da sustentabilidade”, o cenário é diferente: o recuo é, na verdade, uma oportunidade para repensar e transformar o ESG em algo mais sólido e efetivo.
O que está em jogo
Elkington lembra que o ESG se tornou um “frenesi alimentar”: fundos de investimento criados às pressas, empresas correndo para adotar narrativas sem profundidade e compromissos frágeis.
Agora, com a pressão política em alguns países (como os EUA) e o recuo de certas empresas em áreas como diversidade, emissões de carbono e veículos elétricos, abre-se espaço para separar o que é real do que é marketing.
Segundo ele, não basta “limpar empresas” para depois colocá-las de volta em mercados poluídos. É preciso redesenhar mercados inteiros, criando incentivos estruturais que façam com que sustentabilidade deixe de ser exceção e se torne regra.
O exemplo da Noruega
Um caso citado por Elkington é o dos veículos elétricos na Noruega. O governo criou políticas públicas inteligentes, como:
- prioridade de entrada em aeroportos,
- redução de tarifas de estacionamento,
- incentivos fiscais.
Resultado: hoje, cerca de 90% dos carros novos vendidos no país são elétricos. Esse é o impacto de alinhar políticas públicas, empresas e consumidores em torno de uma mesma direção sustentável.
E o papel do Brasil?
Sobre o Brasil, Elkington afirma que o país tem uma enorme oportunidade de liderar a bioeconomia global nos próximos 20 a 30 anos.
No entanto, alerta para os riscos de más escolhas na gestão de recursos naturais e para a exploração de petróleo na região amazônica:
- Se inevitável, precisa ser feita com os mais altos padrões globais,
- E parte significativa dos lucros deve ser reinvestida na bioeconomia e na nova economia verde.
Para ele, o Brasil só se consolidará como potência sustentável se equilibrar proteção ambiental, desenvolvimento social e governança responsável.
ESG como oportunidade estratégica
Elkington reconhece que muitas empresas estão recuando de compromissos públicos, mas, nos bastidores, seguem avançando, porque sabem que:
- Investir em sustentabilidade é mais barato do que lidar com os danos climáticos,
- Reduzir emissões e riscos aumenta eficiência e competitividade,
- Negar a transição só adia o inevitável.
Como ele resume, empresas que não se reinventarem serão superadas por novos players, especialmente em setores como energia renovável, mobilidade e bioeconomia.
Conclusão
O ESG não está em crise — está em evolução. O momento atual é de repensar, separar o superficial do estrutural e transformar o conceito em prática de mercado, com impacto real.
Para empresas brasileiras, o desafio é também uma oportunidade: antecipar-se, integrar ESG ao centro da estratégia e transformar sustentabilidade em vantagem competitiva.
No Legacy 3, apoiamos organizações a navegarem por essa transição com metodologia, sistemas e educação ESG de ponta, preparados para o futuro.





